- Minha nossa Senhora! Sêu
Schneider... – murmurou a empregada.
- Anamaria, - Bartô Schneider começou
– deixe-nos a sós. Limpe isto depois. Obrigado.
Entendendo a gravidade da conversa, a
mulher partiu imediatamente sem pedir licença. Os dois permaneceram em
silêncio, refletindo.
- O que pensa sobre isso, Padre? –
indagou Sr. Schneider.
- Honestamente? Isso é grande demais
pra se considerar uma impressão imediata. Teria isto alguma relação com aquelas
macumbas africanas?
- Envolvendo Baal e Beliel? Pouco provável.
Me parece mais algo como um...
- Pacto? – interrompeu o padre. – Não
há morte. Ou, não houve.
- Mas há uma súplica por
conhecimentos obscuros. Uma troca, aparentemente, usando o menino como paga.
- Pactos não envolvem terceiros!
- Mas oferendas, sim.
Um silencio constrangedor abateu
aqueles dois homens velhos.
- Mas se fosse holocausto, ele
estaria morto, certo? Como quando matam animais...
- Padre Onório, não sei dizer. O que sei é que
em se tratando de magia negra, cada “ser” tem um valor um poder. Matam aves
para uma coisa. Animais de quatro patas, com outros propósitos. As vezes
materiais e afetivos... Obsessões. Mas sacrifício humano nunca é para entidades
pequenas.
- Bartô… - ele respire fundo, olhando
para a janela. Ainda com o olhar perdido ele segue – então você realmente
acredita que pode ser isso? Sacrifício?
- Não, eu digo que isto poderia ser
uma possibilidade. Ademais, o amigo padre deve também considerar que
coincidências acontecem, e fogem dos planos do Pai. Esta casa poderia conter
tal gravação antes mesmo de haver um orfanato ali. Pode uma coincidência,
armada por entidades, ou irrelevante ter feito com que a cama estivesse em cima
de tais palavras.
- De fato. Os demônios são antigos e
ardilosos. Podem confundir as pessoas.
- Particularmente estes. – murmurou o
judeu como se pensasse alto.
- O que tem a dizer sobre eles,
Bartô?
- Honestamente, sempre evitei
entende-los. Sou humilde o bastante para entender que são antigos demais,
outrossim, sábios e infinitamente mais calculistas, maliciosos, rancorosos e
temperamentais do que eu e, sendo mais objetivo, que minha espécie. Tolo é o
homem que se acredita capaz de barganhar com eles.
O padre olhava para os próprios
sapatos. Precisava entender o que estava acontecendo.
- Você me dá licença? – disse ele.
- Onório, sê cauteloso. Se realmente
haver algum sentido em sua suspeita, entenda que se trata dos príncipes.
Encararam-se. O padre piscou para o
amigo e partiu.
1 comentários:
Dou um doce para quem souber para onde o Padre vai... rs.
Capítulo perfeito.
acompanhando.
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