O ENCONTRO - CENA PARA MEU CURSO DE DRAMATURGIA

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

| | | 4 comentários

LUGAR ALGUM – Pouca luz.
Um homem, em seus quarenta anos, extremamente sujo, está sentado sobre uma pedra que parece um banco. Parece silencioso e contemplativo. Feito estatua a espera de um ultimo golpe da natureza para rompe-la.
Chega-se uma Mulher, quarenta e tantos anos, igualmente suja, o vê.

MULHER: Este banco: Quero-o. Saia agora.

HOMEM: É meu espaço para ver o tempo. Suma, maldita alma penada!

MULHER: Ora, já vago a tempo demais para tolerar tamanha insolência. Você é uma criatura infeliz que não merece nada além de sofrimento e solidão.

HOMEM: E você merece o que? Afeto? Banquetes? O que faz num lugar feito este se tal destino não lhe é merecido?

Olham-se em silencio.

MULHER: Eugéne?

HOMEM: O diabo e seus sortilégios. Quantos anos, eu nem me lembrava que me chamavam dessa forma...

MULHER: Não posso crer que este fora seu destino.

HOMEM: Não fale comigo com intimidade. Sei que quer meu lugar pra se acomodar, demônio sacripanta.

Ela se aproxima dele.

MULHER: Não consegue me reconhecer?

Silêncio.

HOMEM: Hora, nem me lembrava que você tinha existido algum dia. Que surpresa. Estou a anos esbarrando em novos e imortais desafetos. Não esperava encontrá-la. Você eu deixo sentar-se a meu lado.

MULHER: Eu devo estar aqui há uns cinco anos. Nunca tinha encontrado alguém que conhecesse. Pensei que fosse proibido.

HOMEM: Eu já sempre achei que fosse falta de sorte. No mundo sempre existiu mais patifes que outra coisa. Mas me diga Matilda, como anda a vida?

MULHER: Meu nome é Magnólia. Não é Matilda. E minha vida foi uma catástrofe, como sempre. Eu encontrei um noivo, que pouco depois me colocou pra fora de casa. Eu estava grávida. Roubaram-me a criança, e tive que aceitar as condições da vida informal. E você?

HOMEM: Eu vivi bem, como sempre. Marido e pai muito amado. Um chefe respeitado e admirado. Fui enganado, roubaram-me tudo, e eu me matei.

Silêncio.

MULHER: Não pensei que seria diferente disso. Mas devo confessar que não acredito que tenha sido amado por sua esposa e filhos, ou admirado por seus subalternos. Ao contrario. Penso que amava a seu ego, e seu ego lhe retribuía com os prévios elogios cínicos dos que lhe roubaram. Eis o preço, perder a única coisa que realmente prezava. Seu poder.

HOMEM: Você se tornou cruel, Magnólia. Que mal eu lhe fiz?

Silêncio.

MULHER: Meu pai mexia as sobrancelhas desse jeito. Que saudade dele. Eu o odiava. - Me pergunto como você conseguiu morrer e chegar aqui mantendo um anel de ouro no dedo.

Silêncio.

HOMEM: Devo estar aqui, pela minha noção de tempo, há uns 40 anos. Nunca tinha reparado isso. Mas é verdade. Que importância esta aliança tem para fazer parte de mim a ponto de eu trazê-la para este lugar? Não posso pensar em nada.

MULHER: Você amava sua mulher?

HOMEM: No começo. Quando ela era frágil, doce, cheia de curvas. Desejosa. Quando ela não era mãe, mas uma jovem com vergonha de me deixar perceber o quanto se envolvia pelo calor e volume do meu corpo dentro dela. Mas depois ficou gorda. Nunca gostei de mulher gorda. Minha mãe era gorda. Minha mãe dizia que eu era um canalha ordinário. Morreu atropelada por cavalos. Deve ter merecido. E minha esposa, outrora bela, transformou-se num dragão. Uma coisa de aparência rude e modos ofensivos. Feito minha mãe. Via em mim um Deus, sem saber que eu a traia com as jovens mais belas de Paris.

MULHER: Será que não sabia mesmo? Eu sempre soube que você me traia.

Silêncio.

HOMEM: Céus, eu não estava certo. Tivemos um caso!

MULHER: Tivemos um caso?

HOMEM: Sim, tivemos um caso.

Silêncio.

MULHER: Este anel me intriga. Será que ele não está ligado ao motivo que o faz permanecer preso neste lugar sem poder descansar? Porque você está aqui?

HOMEM: Não sei. (tira o anel). Talvez você realmente tenha razão em dizer que eu sou egoísta, pois eu não consigo me lembrar de nada que tenha deixado por acertar.

Ele a entrega o anel.

MULHER: Meu nome está escrito aqui.

HOMEM: (desesperado. Milhões de lembranças lhe vêem a tona) Porque eu iria te pedir em casamento. Porque eu lhe gostava muito, mas Lily me traria mais oportunidades. Então eu apenas lhe entreguei a aliança que seria sua. Com apenas meu nome gravado. Terminei com você. Acabei com tudo. Ela me idolatrava. Você me ofendia. (PAUSA) Eu gostava disso. Sabia que você jamais teria engordado. Sempre soube disso. Isso me mantém aqui, neste lugar, inibido de paz e descanso. Eu fui um monstro com vocês, que ofereceram seus futuros inteiros pra mim. E você, minha querida, o que a mantém neste lugar?

MULHER: Quando terminou comigo, eu estava grávida de você. Meu pai... Arrumou-me um noivo, que descobriu que tudo era uma farsa. Casou-se comigo só para me humilhar e acabar com minha família. Tive de amadurecer na rua, aonde não me restou escolha a não ser vender minha dignidade a quem a quisesse. Numa noite, enquanto quatro homens me possuíam, eu comecei a chorar. Porque naquele momento eu queria estar com meu marido e nosso filho. Mas estes eu jamais saberia onde estavam. Me mataram. - - Você me pergunta o que me mantém presa aqui, eu lhe digo, meu amor. O que me mantém aqui é o fato de que te odiei em cada dia da minha vida, e porque me odiava mais ainda, por saber que eu ainda sonhava estar com você.

A luz sobre eles torna-se forte. Eles viram-se pra se abraçar, mas antes disso, a cena acaba.

MEU FILME!

quinta-feira, 15 de abril de 2010

| | | 0 comentários


SÓ LEIA O RESTO DEPOIS DE VER O FILME, SENÃO VAI ESTRAGAR:


Bom, primeiro de tudo, preciso justificar a falta de ensaios... Minha irmã só tinha lido o roteiro no dia(estava na mão dela há uma semana), e eu fiquei muito puto com isso. Ela chegou do trabalho um dia antes, e esqueceu de colocar pra carregar a bateria da câmera, e eu fiquei muito puto com isso. Ela estava há mais de um mês sem usar a câmera, mas estava com muita memória ocupada, e esqueceu de esvaziar o cartão de memória, e eu fiquei muito puto com isso.

MAAAAAAAAS, tudo bem. Tivemos que lidar com o improviso dela, que foi muito ruim, mas ficou engraçado, porque ela nunca tinha feito nenhum video de nada até então. Ela reinventou a história do Fantasma, e eu não gostei nada disso, mas não tive muita escolha, pois não tinha memória nem bateria pra refazer tudo.

No roteiro, o fantasma matou sua amante, e depois retalhou-se pela serra da cantarreira, deixando espalhados os seus membros. Em uma caminhada, uma pessoa achou um braço, e chamou a polícia. A polícia investigou o lugar, e descobriu que havia dois corpos mutilados pela Serra, e quando juntaram todas as partes do corpo do homem e colocaram dentro deum saco de lixo, ele se levantou, e matou todo mundo. E assim começou a lenda do Fantasma da Cantareira.

E no final descobrimos o propósito(fracassado) da heroína ao fazer seu documentário. Bom, querem saber de mais uma curiosidade? Eu achei que ficou tão interessante(e amador, claro), que eu resolvi mandar junto com uma ficha para incrição do programa, e, pásmem, eles ligaram, mas ela não queria, e não rolou.

Filmamos numas trilhas no Parque do Horto Florestal. A câmera era uma Sony Cybershot Dsc-w55. Editei com o Windows Movie Maker. Usei várias músicas dos jogos da série Silent Hill. Elas aliás foram as grandes estrelas da produção.

Enquanto estive editando, comecei a mudar a ordem das cenas no mato, que, Good Lord, descobri que filmado tudo parce muito mais fechado. Foi extraordinário. Achei engraçado observar as reações de alguns amigos que disseram só não sentir medo por conta da canastrisse, não simplesmente da minha irmã, que com certeza faria coisa muito melhor hoje, mas a minha, a da câmera, e de todo o resto, que apesar de tudo, fizeram parecer engraçado.

Sobre as atuações... Um caso a parte. Teve cenas cortadas. Uma que alias me corta o coração, que é aonde eu mostro uma planta muito comum alí na região, que é o "Pé-de-preservativos". Incrível como tem gente que gosta de brincar no meio do mato, e ainda mais incrível é ver que a pessoa parece fazer questão de deixar rastros. Mas, voltando às atuações. eu compreendo a dificuldad que minha irmã teve em manter-se séria e racional quando vê o Fantasma da Cantareira, brilhantemente interpretado pela minha mãe.

É irresistível não conter a surpresa com o figurino surpreendente que eu e minha mãe desenvolvemos especialmente para o projeto: "Figurino do Fantasma da Cantareira". E devo um agradecimento mais do que especial à minha querida amiga Fernanda, assistente de produção, que segurava a câmera, ou quauqler coisa, enquanto discutiamos sobre como poderiamos resolver este ou aquele problema.

Ninguém morreu dirante a produção deste filme.

Sobre Amor Vol. 01

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

| | | 1 comentários

Penso que o mundo é um lugar estranho.
Eu que sempre achei que estava certo
Acabo vendo que nunca estive errado,
Acabo vendo que também estavam certos
Aqueles que me diziam ser errado.

O propósito me atirou pra frente.
À frente de tantos.
Não estou aonde quero,
E onde estou estou sozinho.

Sinto falta de ser criança.
A vida com os propósitos me parece ter mais sentido,
Mas a vida sem eles, é mais fácil de viver.
Mais livre para ser.
Sinto falta da inocência.
Mas não a da pureza.
A da ignorância mesmo.

Cadê o amor, que dizem estar sempre reservado?
Cadê a dita prosperidade, que dizem ser alcançável?
O que devo eu pedir em minhas orações?
Prosperidade, para compartilhar com outros?
Ou amor, para me compartilhar só com um?

Honestamente? Prefiro o amor.
Cadê o egoísmo, a cegueira do amor?
Quero esquecer que o mundo está acabando,
Quero esquecer que sentem fome.
Quero esquecer que eu sinto fome.
Eu só quero amar.

12:20
23 de fevereiro de 2010

Um brinde

domingo, 24 de janeiro de 2010

| | | 0 comentários
Oh, liberdade enganosa,
falso afeto que convence o remetente, mas desgosta-me a vida.
Porque tal descrença, visto que o mundo jamais me conheceu?

Ah, que desprazer, decepção, ver o falso amor que só demonstra orgulho nos momentos de glória.
Quantas lições me são dadas,
mas quantos, de fato, me ensinam algo?

E os infelizes, que me julgam todos os dias...
O que faço eu para lidar com o prazer da inferiorização?
Rejeição, ciúmes, inveja: só por meu propósito ter vindo mais cedo.
Estou exausto...
Ser sempre o único a se preparar para o futuro,
sempre o único a encorajá-los aos sonhos.

Como se o Preparar-se-Para-O-Futuro não cobrasse sofrimento, solidão e outra grande sorte de necessidades vitais.

Mas qual o preço? Os favores, pois que tudo aquilo que a mim é feito, vem como favor.
Que eu não me esqueça que certos tipos de amor só existem nas utopías.

Alex Pedro.

São Paulo, 24 de janeiro de 2010

About me

About Me


Aenean sollicitudin, lorem quis bibendum auctor, nisi elit consequat ipsum, nec sagittis sem nibh id elit. Duis sed odio sit amet nibh vulputate.

Popular Posts

Contact Us

Nome

E-mail *

Mensagem *

Navigation-Menus (Do Not Edit Here!)

My Instagram